04 outubro 2016

FII de Papéis - alto DY, mas...

Buenas galera!

Como já publiquei, minha carteira financeira (sem os imóveis) tem cerca de 15% de FIIs, que é a segunda classe de ativos que mais invisto atualmente, a primeira é RF. Então, obviamente FIIs não teriam esse lugar de destaque se não fosse de meu interesse.

Bom, preferências à parte, neste post gostaria de avaliar a evolução das cotas patrimoniais dos FIIs de Papéis para entender o que está ocorrendo com o valor desses FIIe se o DY está realmente compensando.

Desde já, deixo claro que não tenho nada contra eles, inclusive tenho alguns na minha carteira.

Abaixo seguem gráficos com a evolução das cotas patrimoniais de alguns FIIs de Papéis. Escolhi os FIIs pela liquidez e avaliei os últimos cinco anos (quando possível). No gráfico da esquerda plotei a variação nominal destas (com alguns ajustes) e no da direita a sua variação percentual.

 Notas:
  • BCRI11: inicio em 07/15 com a cota a R$ 100,00
  • CPTS11: inicio em 09/14 com a cota a R$ 100,00
  • HGCR11: dividi o valor da cota por 10 para não distorcer o gráfico, e melhorar a avaliação
  • JSRE11: em 30/09/14 incorporou BJRC11 e JSIM11 e desdobrou as cotas em 1:10. Para melhorar a visualização deixei todas as cotas na mesma base, ou seja, dividi as cotas anteriores ao desdobramento por 10. Este FII tem cerca de 55% do PL em recebíveis, 25% em cotas de FIIs, 1,4% em imóveis para locação e o restante em fundos de renda fixa, por isso alguns não consideram JSRE11 como FII de recebíveis, mas entendo que deva ser avaliado como tal
  • KNCR11: em 07/14 desdobrou as cotas em 1:10. Para melhorar a visualização deixei todas as cotas na mesma base, ou seja, dividi as cotas anteriores ao desdobramento por 10
Noto que, com a exceção do XPGA11, os demais FIIs tiveram valor das cotas patrimoniais caindo, ou sem uma evolução que acompanhasse ao menos o IPCA. A minha opinião é que o cotista, embora esteja recebendo um DY elevado, está 'perdendo' patrimônio uma vez que o PL não acompanha a inflação. Lembrando que valor e cotação não são a mesma coisa.

Avaliando as cotas patrimoniais dos FIIs de Tijolo, por ex., veremos que o valor também diminui, porém, isso deve-se à avaliação patrimonial, e espera-se que o patrimônio do fundo acompanhe (ou supere) a inflação, ao longo do tempo. Já nos recebíveis isso isso não ocorre pois o capital pago pelo devedor não é corrigido, uma vez que o rendimento é distribuído e/ou gasto nas despesas do FII.

Em conversa com o RI de alguns FIIs (aqueles retornaram meu contato), as informações foram de acordo com o que escrevi acima e, a sugestão lógica para manter o valor, seria o cotista reinvestir ao menos a perda com a inflação em novas cotas.

Então, avalio que o DY de um FII de recebíveis não é líquido e preciso destinar parte dele para a manutenção do patrimônio.

Você concorda?

Por fim, quero reforçar novamente que não tenho nada contra os FIIs de Papéis. Acho que é uma boa opção de investir de forma diversificada em recebíveis, e tenho cerca de 15% deles na minha carteira (JSRE11, KNCR11, FEXC11B), além de ter AGCX11 que possui 1/3 do PL em recebíveis. 

OBS: não considere esta postagem como uma recomendação de investimento até porque não sou habilitado para tal, o intuito é criar uma discussão sobre o tema para o crescimento de todos.

Um abraço e, como ando meio nostálgico, hoje All Along The Watchtower (Lenny Kravitz & Eric Clapton - 1999).